terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Há de se ter, primeiramente. Sim porque se queres obter algo tens que ter-se obtido, antes de tudo.
Tem que ser de você mesmo, tem que se ter nas mãos, tem que se auto-conhecer, tem que gostar, se namorar, se amar. O amor próprio é o começo de todos os outros.
Há de se ter lealdade, carinho, afeto, transparência e um romance com o seu eu. Há de se degustar, de se atirar, de se segurar. Há de criar uma nova verdade para cada novo dia. Há de ver novos horizontes, diferentes pôr-do-sol. Há de mudar a forma de ver as decepções e até mesmo as alegrias.
Há de chorar todas as lágrimas quando elas quiserem sair, mesmo sem motivo. Há de se escabelar, se cansar, se doer. Doer é uma das mais reais formas de sentir, e acrescento mais: doer é uma prova de sentir, seja lá pelo que for.
Há de, vez-em-quando, se dar um banho gelado, se estender no varal para secar ao vento e ao sol; o que não pode é se deixar mofando num sofá às escuras, fazendo birrinha com a vida e choramingando por tudo e por nada.
Há de aperfeiçoar as asas, aceitar a perfeita fase de transição na qual vivemos todos os dias.
Há de dar um suspiro fundo e um salto para frente.
O que conta é manter-se vivo. O que conta é permitir-se. 
[Kamila Behling]


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