segunda-feira, 22 de outubro de 2012


“O problema é que você sabe o que quer. Sempre soube, na verdade. E eu sempre fui aquele cara que não entende nada. Que nunca soube tomar decisões. Eu nunca soube dizer o que é ou não bom pra mim. Eu arrisco, cara. Eu arrisco na gente. Eu aposto, e de alguma maneira contraditória, acredito. Eu vivo desistindo, eu sei, cara. Eu vivo indo embora, sei disso. Mas eu posso ir sem medo, porque sei que eu volto. Eu me conheço. Mas você não é assim. Você é decidida. Você é e ponto. Então, se tu toma uma decisão, não tem nada que te faça mudar de ideia. Então, sei lá, cara. Você sempre soube o que fazer, mesmo errado. Mesmo tudo torto e da tua maneira complicada. Tu soube. Eu nunca soube de nada. E encontrei mil garotas assim antes. Perdidas, sem saber pra onde vão e qual rumo querem tomar. E eu era o tipo ideal pra esse tipo. Mas não pro teu tipo. Eu não sou tua praia, muito menos tua cara metade. Você outro dia me disse que tudo aquilo ia mudar. Que tinha cansado, que era demais. Que ia pegar os pijamas e aquela minha blusa e ia embora. Depois eu te liguei. E tu levou tudo de volta. E ainda disse que eu precisava parar de ser tão infantil. Disse que cuecas e meias não se misturavam. Por questão de higiene. Você exala algo composto. Quer dizer, quando eu te olhei pela primeira vez, eu vi uma armadura em você. Porque é isso que você quer mostrar. Você quer mostrar que não precisa de ninguém, que sabe se cuidar sozinha. Mas quando cai doente na cama, só falta implorar pelos braços da tua mãe ou de qualquer braço que você caiba. O que não é difícil. Você quer mostrar tua compostura, você jura pra mim que sabe o que quer. E eu concordo. Só não concordo quando o assunto é a gente. Segunda você me expulsa da tua vida. Na terça tu bota teu perfume com aquele cheiro de quem precisa de mim de volta. Na quarta teu orgulho te consome. Na quinta você diz que tá tudo bem, que nem sente falta. Mas teu problema é a sexta feira. Na sexta feira teu peito grita pra voltar. Na sexta feira, teu subconsciente diz que tu precisa arrumar minha gaveta de cuecas que tem aquelas meias. No sábado eu te ligo e escuto você me dizendo que é difícil é fazer xixi no frio. No domingo você leva tudo de volta. E ainda volta reclamando. Diz que é uma mulher decidida, diz que sabe tomar decisões. Aí me xinga e diz que é culpa minha ela não ter controle quando o assunto sou eu. Você diz que odeia o modo como eu te confundo e te complico. E aí, meio segundo depois, esquece tudo. E volta dizendo da minha gaveta. Mas cara, você é igualzinha a minha gaveta. Tua vida é toda organizada e monitorada, é toda certinha. Olha lá ó, minhas cuecas são dobradas. Eu só jogo as meias lá, por isso parece bagunçado. Tua vida é assim. É tudo certinho, mas aí eu entro no meio. Eu sou as tuas meias, cara. Só entro pra te bagunçar. Mas é que você não consegue arrumar essa bagunça. Você não consegue me colocar em outra gaveta. Mesmo sendo essa garota cheia de compostura. Mesmo exalando aquele perfume de quem sabe o que quer. A tua gaveta é prova de que você, assim como eu, é absolutamente confusa. E que você pode até sabe o que quer, pode até saber tomar decisões. Mas não agora, e nem nos dias da semana.”
robin and stubb

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